sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Sobre O Eu Gay



A Associação ILGA Portugal - Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero pediu uma colaboração neste questionário. Se alguém quiser enviar, mande para voluntariado@ilga-portugal.pt.

1. Qual a tua idade, sexo e profissão ou curso que frequentas?
Tenho 26 anos, sou do sexo masculino e farmacêutico.

2. Quando e como tiveste consciência da tua orientação sexual?
Foi aos 20 anos. Fingia, na brincadeira, que namorava com um amigo meu e houve um momento em que me apercebi que estava a ficar apaixonado.

3. Qual foi a tua primeira reação em relação a ti próprio?
“Espera aí! Como é que agora eu gosto de rapazes se antes só gostava de raparigas?”.

4. Ficaste perturbado?
Fiquei. A tentar perceber se era gay ou hetero ou os dois.

5. Que cenários imaginaste para familiares, amigos ou colegas? Quais seriam os que terias mais dificuldade em contar e porquê?
Para os amigos e colegas, pensei que alguns aceitariam e que outros não. E que seria gozado mais uma vez. Para os meus pais, o cenário seria terrível, imaginando que seria expulso de casa porque com 13 anos, e longe de imaginar que poderia ser gay, perguntei ao meu pai o que ele faria se eu fosse gay, ao que ele respondeu que me deserdava. Claro que a maior dificuldade em dizer seria aos meus pais já que interferia com aspetos mais importantes da minha vida.

6. Chegaram a saber? Onde e como? Com que idade?
Aos 21, fui contando aos meus amigos, primeiro com muito medo tipo “Tenho que te contar uma coisa.”, depois já era em conversa informal. Aos 24, os meus pais descobriram ao visualizarem o histórico da internet. Houve ameaças de expulsão se eu tivesse namorado, é melhor estar escondido. Não falei com o meu pai durante 2 semanas, findas as quais, as coisas amenizaram. O assunto não é tocado. Há uma esperança que seja apenas uma fase.

7. Houve surpresas?
Depois de ter alguns amigos a fazer perguntas de como é que sei, se já experimentei, etcetera et al., houve umas amigas que responderam “ok” e retomámos a conversa inicial.

8. Já ouvias comentários sobre homossexuais quando eras criança?
Na terra onde nasci, “levar no cu” era castigo e ser “paneleiro” era ser fraco.

9. Já te sentiste discriminado? Em que circustâncias?
Nada de gravoso. Já fui chamado de nomes na rua quando estava com o meu namorado. Já me deram um soco porque um rapaz achou que “o estava a topar” quando nem sequer o tinha feito.

10. O que mais dói?
Não ter alguns direitos e poder ser barrado ao acesso ao emprego ou ser despedido. Chamar nomes é usual. Se não é por ser gay, pode ser por ser gordo, caixa-de-óculos, inteligente. Tantas razões! Não que concorde com isso.

11. O que se faz para combater o preconceito?
Não aceitar o insulto. Falar do assunto de forma informal com as pessoas à tua volta. Sem dramas!

12. Recorreste a algum profissional de saúde?
Sim. Os meus pais mandaram-me para eu me “curar”.Eu fui porque necessitava de auxílio, mas por outras razões. A atitude da psicóloga foi positiva.

13. Quanto tempo achas que o preconceito vai durar?
O preconceito vai sempre existir. Ainda há pessoas hoje que discriminam pretos e mulheres.

14. Tens alguma história interessante para contar?
Não.

4 comentários:

  1. Por acaso aos amigos fui contando mal tive a certeza, ao meu pai é que nunca contei, e nem sei como o farei muito sinceramente (toda a minha família paterna é muito religiosa, o que ajuda muito ao filme). Acho que vou fazer um post a responder a uma dessas perguntas, depois ponho link pra este post, qd o publicar :P
    Acho que somos discriminados em coisas que não lembram ao diabo, por muito que se diga que as mentalidades "estão a mudar"

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    1. Já fui discriminado por acharem que eu lambia portas e paredes. Olha lá!

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  2. Oh, tens tantas histórias interessantes para contar!

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